O homem é capaz de criar objetos
que são admirados e cultuados ao redor do planeta, independente de sua raça,
cor, credo ou nacionalidade. Monumentos como as Pirâmides do Egito, Muralha da
China, Big Bang Clock Tower, Torre Eiffel ou Cristo Redentor são apenas alguns
dos inúmeros exemplos de objetos, seja qual for a sua escala, que ficam
marcados na memória comum. No mundo automotivo, marcas são perpetuadas por
verdadeiras obras de artes, e cultuadas mundialmente. Não seria diferente com a
Kyosho e a representação dessa paixão. Hoje veremos algumas das marcas que a
fabricante japonesa reproduz, e renova esse amor, seja em qual escala for.
Pra começar, seja você fã
absoluto ou crítico inveterado, a marca do cavalinho rampante está presente na
Kyosho. Não vou entrar na celeuma, mas é indiscutível que 10 entre 10 amantes
por automóveis fale o nome dela nem que seja uma vez na vida. Estamos falando da
Ferrari, claro. A fabricante de esportivos italianos é figurinha constante na
linha básica Sunkus K. Têm quinze séries lançadas (sendo uma reeditada), entre carros de rua e de
corrida (Fórmula 1 inclusa nessa conta), e é a montadora com o maior número de
séries, seja ela estrangeira ou no geral. A maior curiosidade, além dos
direitos autorais que já expliquei anteriormente, é o fato da fabricante de
brinquedos estar sempre atualizando os moldes de suas minis, o que gera diferença entre
modelos antigos e mais novos, e uma maior quantidade de miniaturas
colecionáveis da marca. Outro fator interessante é que, pela disposição em que
as séries são lançadas pela Kyosho, a cor vermelha não é a única disponível, o
que dá opções para diversificar a coleção. Contudo, as peças na cor vermelha,
que é uma marca registrada da montadora italiana, são as mais disputadas e se
valorizam mais. Parece que esse raio cai sempre no mesmo lugar, independente da fabricante.
Porém, se engana quem pensa que
“só” de Ferrari vive a Kyosho! Diferente de outras fabricantes, a marca
nipônica tem em seu cast algumas marcas bem interessantes, e outras bem
exóticas, mas que atendem bem ao desejo e anseio do colecionador japonês (e por
tabela, o resto do mundo). A segunda marca com o maior número de séries
representadas pela Kyosho é a... Porsche! Com sete séries, a montadora de
Sttutgart vem logo atrás na preferência de moldes para a fabricante japonesa.
Em seguida, a Kyosho também traz para sua linha de miniaturas a eterna disputa
italiana entre superesportivos: a Lamborghini é representada em 4 séries, com
modelos que fazem a cabeça e arrancam suspiros dos colecionadores. Vale
salientar que essas 3 marcas não são as únicas presentes. Marcas como BMW, Mercedes-Benz, Audi,
Volkswagen, Alfa Romeo, Maserati, Lotus, Mclaren, Aston Martin, Jaguar,
Austin-Healey, Dodge, Chevrolet, Chrysler, Ford, Saleen, Jeep, Lancia, Alfa
Romeo, e Pontiac. Cada uma dessas tem, pelo menos, um modelo fabricado e
distribuído pela fabricante nipônica de miniaturas.
O que essas quatro minis tem em comum? O fato de todas elas terem sido reproduzidas pela Kyosho. Detalhe, das 4, apenas uma foi produzida por alguma outra grande fabricante, na escala 1:64. E o detalhe da "pima"... é paupérrimo perto da Kyosho.
Muito? Pouco? Pensemos. Eu particularmente
acho extraordinário. Não só pela paixão japonesa ser tão aberta a outras
marcas, mas pelo tempo que a fabricante desenvolve e vende essas miniaturas.
Por que digo isso? Em minha opinião, apenas um país como o nosso, sem uma
indústria automotiva nacional (e não nacionalizada, como a que temos) poderia
ter uma pluralidade tão grande de gostos. Mas imaginar que um povo com
fabricantes de automóveis tão forte e original, como Honda, Toyota
e Nissan, poderia consumir apenas os modelos locais, seja pela beleza ou nacionalismo exacerbado. Só esse fato reforça a mentalidade aberta e
exigente do oriental. Se o país consegue produzir modelos rápidos, econômicos,
belos e seguros, é por que o seu consumidor não se prendeu apenas ao que tinha
“em casa”, e foi buscar lá fora como melhorar. Uma forma de protesto original, eficiente e
que gerou, no caso do Japão, um efeito dominó, contagiando seus fabricantes,
engenheiros e designers a fazer tão bem quanto os estrangeiros. Essa obsessão
em não perder para os outros criou um senso crítico grande, mas também um amor
automobilístico único, aonde acima da nacionalidade, o que importa é o belo, o
perfeito e apaixonante. Pode observar que até mesmo marcas de menor expressão
mundial, como Lancia, Alfa Romeo ou Lotus, tem uma representatividade maior do
que na maioria de outras marcas de brinquedos, sejam elas americanas, europeias
ou orientais. Da mesma forma, no colecionismo diecast, a pluralidade com que a
Kyosho trata sua linha causa tamanho impacto que, mesmo sem uma campanha de
marketing fora do eixo Japão-China, cria um ambiente de expectativa que poucas
marcas conseguem criar. Basta dar uma pequena pesquisada no Ebay e outros sites de compra para sentir como é
comentado quando uma nova série é lançada, mesmo que demore meses até ser
vendida. Tirando a gigante Mattel, poucas são as marcas que trabalham com a
escala 1:64 com tantos itens a venda no maior site de leilão virtual do
mundo. Até mesmo no Brasil, a marca começa a crescer, não só pela qualidade e
esmero do produto, mas por ser a única que oferece determinado modelo que o
colecionador sonha. E olha que estamos falando de uma fabricante que separa
quase 50% de sua linha (até o momento) para modelos e marcas nacionais. Imagina
se a marca fosse nascida na Europa?
Isso só prova que, apesar de
certas coisas serem iguais em todo lugar do mundo (paixão automotiva,
predileção por determinado fabricante e etc), certas coisas só acontecem no
Japão, e nesse caso, essa originalidade faz toda a diferença. Nós, fãs do mundo
inteiro, agradecemos, e muito, seja em que parte do globo terrestre estiver.
Imagens: Google images e Blog Incredible Mini Garage.
Imagens: Google images e Blog Incredible Mini Garage.