terça-feira, 26 de fevereiro de 2013


Pequenos detalhes grandes diferenças – 1° parte.


Uma pequena análise de como a Kyosho conquista seus colecionadores.



Não poderia deixar de fazer uma análise de um tema que, de certa forma, é controverso e sempre vai criar discussões e argumentos acalorados. O assunto? As qualidades e possíveis pecados de uma marca. Gosto mais de chamar de detalhes, por que independente de preço, tamanho, peso, acabamento e detalhamento, quando a emoção (paixão, em geral) fala mais alto que a razão, tudo o que dissermos é sumariamente ignorado pelo fã de uma determinada marca ou determinado tipo de miniatura. Contudo, nós do blog KDB tentamos, ao máximo, ser imparciais, e por isso, apresentaremos agora aquilo que faz com que a Kyosho seja uma potência emergente no colecionismo diecast em escala 1/64.

Adorável semelhança.

Uma das principais características que conquista fãs e  admiradores dessa marca é a tentativa de reproduzir ao extremo cada particularidade do modelo em escala real para a miniatura. Tamanho, cor, faróis, retrovisores e uma séries de outras características que são “pasteurizadas” nas marcas mais populares são reproduzidos ao máximo, com um rigor e acabamento que foge do convencional.

O Dodge Challenger "real" vem exatamente com essas rodas, demonstrando grande trabalho para a reprodução da mini em mínimos detalhes.

A começar pelas rodas. Nos acostumamos tanto a ver miniaturas com rodas genéricas, recurso para maximizar a produção e reduzir os custos que quando nos deparamos com imagens das miniaturas na internet, é difícil acreditar que seja mesmo uma mini na escala 1/64. A maioria das peças da marca japonesa começa sua reprodução meticulosa justamente pelas rodas. Em sua grande maioria, os modelos têm exatamente as mesmas rodas em sua versão escala original, seja no formato, cor e disposição, dando um realismo pouco visto nessa escala. Vale salientar que apesar de existirem outras marcas com esse mesmo detalhe, sua produção é menor, como Minichamps e Schuco, tendo apenas em comparação, a Greenlight em termos de volume de produtos. Mesmo quando uma série usa de uma roda “em comum”, a mesma existe de verdade, e não uma criação de algum design ou desenvolvedor das minis, mantendo assim, o caráter de verossimilhança da miniatura. Claro que esse detalhe não seria completo se todas as rodas não fossem calçadas de pneus de borracha, que a marca faz questão de utilizar, muitos deles inclusive com ranhuras e marcas de produtores de pneus oficiais, como Yokohama e Bridgestone.

Um fator que arrebata corações é os... retrovisores! Isso mesmo. Todas as miniaturas têm retrovisores, e seguindo a mesma linha das rodas, modelados de acordo com o modelo original. A marca sequer se utiliza de um recurso comum de marcas mais populares que é a padronização da peça, dando a mesma a vários modelos. Não só em tamanho e forma, mas as cores são respeitadas, por isso, se for uma peça baseada em modelo antigo, com certeza terá um cromado reluzente e condizente com a matriz que o originou.


Nada de retrovisor "padrão" ou falta do mesmo. Se um carro tem um retrovisor, a Kyosho vai lá e faz, simples assim.

Outros detalhes, como limpadores de para-brisas e antenas de rádio são reproduzidos, mas em uma dimensão de realidade menor, sobretudo para facilitar a produção da miniatura. Contudo, não é impossível vermos na extinta linha Bead Collection até mesmo esses itens serem respeitados, sobretudo por ser uma linha mais detalhista, dando ai um caráter completo de reprodução.

Não podíamos esquecer os faróis e lanternas. Todos feitos de acrílico colorido respeitam os mínimos detalhes, sendo que apenas algumas minis têm as setas pintadas na carroceria. Entretanto, faróis e lanternas seguem a fidelidade do projeto, seja em formato, cor e localização. O mesmo segue a pintura, seja no tom da cor ou variedade. Coleções temáticas como Ferrari ou Porsche não sofreram de alguma cor que as fabricantes não usem. Poucas são as minis que fogem dessa tendência, e em sua grande maioria, quando utilizam cores estranhas ou muito chamativas são minis raras e escassas propositalmente (falaremos desse assunto em outro post, ok?!). Destaque para os decalques, sobretudo dos modelos baseados em carros de corrida. Não há economia, podendo um modelo ser totalmente coberto por decalques, e todos realistas, de patrocinadores e formatos do modelo de verdade.


 Os faróis, além de serem de acrílico, carregam o máximo de elementos para se compararem ao da escala real.

A altura da mini ao solo é bem bacana, não sendo muito alto, como um off-road ou suv, a não ser que a mini seja baseado nesse tipo de veículo, e na maioria das vezes, principalmente os esportivos, tem uma altura mínima do solo, realmente mostrando a vocação do modelo.

Um ponto discutível é a escala e proporcionalidade da mini. Verificamos facilmente que as minis obedecem um padrão de proporcionalidade, evitando que um carro compacto tenha o mesmo tamanho ou altura de um superesportivo, contudo, por mais que a Kyosho coloque como “true scale” suas minis, após medições pessoais e de outros colecionadores e blogs, percebemos que há alteração na escala, tendo alguns modelos próximos, mas não em escala 1/64, o que pode ser um ponto negativo ou positivo. Sobretudo, em relação a proporcionalidade,  verifica-se que há um esmero, evitando que um BMW Isetta seja maior ou perto do tamanho de uma BMW M3, mostrando exemplar proporcionalidade na escala.


Não há economia de decalques ou detalhes nas peças, independente de serem baseados em carros de rua ou de corrida. O Nissan GT-R acima tem mais decalques do que muitas minis de outros fabricantes juntas!

Pra terminar, todas as peças são dispostas em uma case com base de acrílico, nome da miniatura, e presos com parafuso facilmente retirável, dando um ar de miniatura de escala maior e superior mesmo em uma mini de escala reduzida.

Não importa pra onde você olhe uma miniatura Kyosho, sempre haverá qualidade, detalhismo e veracidade na mesma, mostrando que para ser fazer uma miniatura impecável, basta força de vontade e um pouco de ousadia, mesmo que isso custe um pouco mais do que o convencional.

No próximo post, traremos os pecados que contribuem para que a Kyosho seja uma promessa, porém não realizada, ainda. Aguarde!


*imagens: site daboxtoys, blog 1:64 diecast hunter, blog diecast-zone e blog My Inside. 

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

OEM/ Dealer Edition: A volta da Bead Collection?



Miniaturas avulsas da Kyosho intrigam colecionadores e até vendedores.


Você já imaginou comprar um carro, qualquer um, com a logomarca de outra empresa? Ou mais, sem nenhuma logomarca? Será que você compraria sabendo que outra pessoa montou aquele carro que não a antiga montadora que o criou? O que pode parecer loucura, no colecionismo diecast, é natural. Muitas marcas contratam fábricas para terceirizar a montagem, embalagem e distribuição de seus produtos. Porém, muitas vezes, o contrato é encerrado sem a detentora de o material reivindicar a posse dos restos do material já produzido. Acontece também que, para baratear custos e dar exclusividade a um determinado produto, muitas vezes uma marca o produz sem qualquer referência ao original, gerando um similar de preço mais accessível e de menor tiragem.

Pode não parecer, mas essa miniatura têm a assinatura Kyosho em sua fabricação.

Acabei de explicar de forma bem genérica a linha OEM e a Dealer Edition da Kyosho. Esse recurso está se tornando cada vez mais frequente na marca, gerando confusão e muitas especulações em volta destes produtos, que ainda não foram definidos como mera estratégia de marketing ou uma nova linha diecast. Para entendermos melhor, basta lembrar o post que fiz sobre a origem da produção da Kyosho, e que em uma mesma fábrica, muitas marcas produzem os seus produtos simultaneamente, gerando desconfiança e troca de informações e base técnica entre as mesmas.
Com essa informação na cabeça, algumas manufaturas chinesas resolveram terminar de produzir modelos que foram deixados pelas empresas que utilizavam suas linhas de produção e vender no varejo. As exigências são simples: não pode haver nada que identifique a marca que pertence aquele molde, em troca de total liberdade de negociação do produto. Nasceu assim a OEM, que é a abreviação de Ex-Manufactoy Model, ou em uma tradução livre, “antiga fábrica do modelo”. Em outras palavras, as sobras de produção são montadas, decoradas de forma diferente da original e colocada à venda para comerciantes e lojistas especializados. Problemas para os colecionadores? De nenhuma forma. As marcas montadas, como a Kyosho, exigem alto grau de qualidade e precisão em sua montagem, o que garante a qualidade, além de serem sobras, o que geram séries bem limitadas em termos de peças. O que poderia ser um fiasco vira uma verdadeira mina de ouro. Se você conseguiu a sua OEM, parabéns. Se não, prepare-se para desembolsar, no mínimo, 50 dólares (100 reais) para obter uma peça. Pode até ser salgado, mas acredite, a exclusividade é total.


Detalhes mínimos diferenciam a versão OEM da versão de produção em série. Detalhes sutis, que fazem a diferença na hora de vendê-las, acreditem!

E a Dealer Edition? É essa “série”, por assim dizer, que tem levantado suspeita e dúvidas de muitos colecionadores e fóruns. A Dealer Edition deveria ser, na sua idéia original, a produção em escala limitada, de um modelo à pedido de determinado fabricante, geralmente automotivo. Contudo, existem dois tipos de “Dealers” no mercado, o que faz com que a coisa fique confusa, em um primeiro momento.
O primeiro tipo de Dealer é a produção limitada de determinado modelo para agraciar alguma campanha de marketing. Modelos da BMW, Audi e Nissan foram feitos nesse esquema, seja para serem presenteados como brindes na compra do modelo real ou marcar o lançamento do modelo em questão. Geralmente tem o mote de um OEM, não carregam a marca da empresa que construiu, e a única referência está na embalagem do modelo, geralmente no fundo da embalagem.

Mini oficial de lançamento, mas vendida oficialmente pela Kyosho. Será que esse será o "jeitinho japonês" para fazer uma série mais detalhada, como a era a Bead Collection?

Contudo, a própria Kyosho colocou a venda Dealer Editions oficiais da marca, como o Bettle, o Porsche 911 e o Lexus LFA. Então, seria esses modelos um Dealer Edition? Mas se são Dealers, como são oficiais, com logomarca debaixo da mini e tudo? A resposta é: teste de mercado. Muitos colecionadores e fóruns acreditam que os Dealers sejam um teste de público e crítica com relação a modelos mais bem acabados. Em outras palavras, um ensaio para a volta da Bead Collection, que tinha o mesmo mote de exclusividade e acabamento. Vale salientar que a série Bead acabou em 2009, e desde então, muitos modelos foram supervalorizados, mostrando a marca japonesa que existem sim público, principalmente no exterior, para miniaturas ainda mais detalhadas na escala 1:64. Se a série mais detalhada da fabricante oriental voltará ou não, só o tempo dirá. Contudo, com a frequência cada vez maior de modelos sendo lançados nesse parâmetro, para mim, será questão de tempo até vermos a Dealer Edition oficializada. Torcida e colecionadores é que não falta, com certeza.


fotos: Site Daboxtoys e Google Images