Se a América é dos americanos,
por que não o Japão para os japoneses?
Entenda por que a linha Kyosho é
tão nacionalista.
Existe uma frase famosa, dita por
Monroe, presidente americano não tão famoso quanto sua frase, que mostrou toda
a intenção do país para com seus vizinhos: “América para os americanos”. O que
foi visto no começo como uma simples declaração nacionalista, se revelou
posteriormente como uma política intervencionista internacional para
influenciar os países da América e evitar influências estrangeiras, sobretudo a
europeia. Porém, essa atitude não só
influenciou a politica externa, mas toda uma forma de atuação social e
cultural. Antes que você me pergunte o que politica tem haver com a sua mini,
vou explicar.
Essa filosofia acabou sendo
utilizada por todas as nações, como uma forma de fortalecer seus valores morais,
cívicos e culturais, numa clara defesa as influências estrangeiras no mesmo
âmbito de atuação. A xenofobia, ou o preconceito aos valores estrangeiros,
acabaram sendo exacerbados, e foi refletido no principal campo comum de uma
sociedade: sua cultura. Exemplo disso são os brinquedos. Não importa o país que
vamos, sempre teremos exemplos locais de brinquedos e brincadeiras típicas do
local visitado, e sempre serão defendidos como autênticos e originais, e que
deveriam ser apenas eles a serem difundidos entre as crianças. Da mesma forma
que é uma defesa, essa atitude também funciona de ataque (cultural, no caso), e
os EUA souberam como ninguém usar essa indústria como uma forma de penetrar na
cultura estrangeira e molda-la a sua semelhança. Não à toa, se repararmos em
brinquedos tradicionais como Barbie e Hot Wheels, a maior crítica perante esses
brinquedos é justamente por ser um espelho da sociedade americana, e uma forma
de “americanizar” crianças e assim, uma sociedade inteira.
Esse Nissan influencia até hoje os esportivos japoneses. Mas nem todos conhecem o modelo.
Não diferente, a Kyosho trabalha
da mesma forma. Se repararmos as séries lançadas pela marca japonesa, não é de
estranhar, que vejamos modelos desconhecidos da maioria dos amantes
automotivos, como Mazda Savanna GT, Nissan Skyline Turbo RS, Toyota Soarer e
Honda S800. Porém, os que são modelos toscos, feios e estranhos, para os
japoneses, representam da mesma forma o que Opalas, Mavericks e Gols Gtis para
o aficionado brasileiro.
O que temos que lembrar, sempre,
que diferente do americano que exporta sua cultura de consumo como forma de
influência, o Japão até os dias de hoje ainda é um país fechado, com cultura e
gosto típicos e bem pouco divulgado ao redor do mundo. Acreditem, não é só de
sushi, sashimi e anime que o país vive. Se pensarmos bem, somente de forma
moderna, no final da década de 90, com a popularidade do videogame através dos
jogos Gran Turismo e Need for Speed, além da série cinematográfica Velozes e
Furiosos, que popularizaram modelos que são verdadeiros deuses sobre rodas,
como Nissan Skyline GT-R R34, Mazda Efini RX-7 ou até mesmo o mais famoso (ou
menos desconhecido) Honda NSX, desenvolvido pelo saudoso Ayrton Senna.
A importância histórica de um modelo sempre deveria ser o motivo de ser reproduzido, seja de qual nacionalidade fosse. Mas no mundo corporativo não é bem assim.
Escrevi isso tudo por que,
sinceramente, acho digno e até mesmo obrigatório uma empresa como a Kyosho
produzir sim modelos que marcaram seus colecionadores e povo. Da mesma forma
que muitos colecionadores sonham com Chevettes, Pumas e Dodges Polaras na
escala que desejam os japoneses também desejam Fairladys, Cosmos e Truenos. Se
marcas desconhecidas fazem sucesso, seja aqui, nos Estados Unidos ou Japão, é a
mesma: a paixão por automóveis seja ele de que lugar for.
Por isso, não se incomode se a Kyosho lançar como sua
próxima série, mais algum carro japonês que você nunca ouviu, ou até mesmo um
Lada Laika. Você pode até não gostar, mas um japonês (ou até mesmo um russo)
pode amar aquele modelo, e seja de que nacionalidade for, todos merecemos ter
nossos sonhos realizados, não é amantes de Opalas, Brasílias e Pumas?